Ao contrário de Descartes, um racionalista para quem as ideias fundamentais na construção do conhecimento são inatas ou a priori, David Hume defende que todo o conhecimento se baseia na experiência, o que faz dele um empirista. Isto quer dizer que para o filósofo escocês as crenças básicas que tornam o conhecimento possível são a posteriori, isto é, são ideias construídas a partir da experiência por abstração ou indução. De seguida, veremos como isso se processa.
Antes da experiência, o ser humano, neste caso o sujeito do conhecimento, não detém qualquer conteúdo. A mente está vazia, é como uma página em branco à espera de ser preenchida. Uma tábua rasa, como disse outro empirista importante, John Locke. É na experiência, no contacto direto por intermédio dos sentidos, que o sujeito vai adquirindo informação. Ao resultado desse contacto David Hume atribui o nome de perceções, que tanto podem ser impressões simples - sensações e emoções - como ideias - representações mentais, sempre mais frágeis do que as primeiras: o mais vívido pensamento será sempre inferior à mais ténue das sensações. Ou seja, por mais complexas que sejam, as crenças substanciais têm sempre por base crenças simples acerca da nossa experiência direta - interna ou externa -. Dito de outro modo, as ideias dependem sempre das impressões, a matéria prima a apartir da qual são construídas. Se assim não fôr, isto é, se as ideias não tiverem na sua origem uma impressão correspondente, podemos afirmar tratar-se de uma ideia falsa ou um termo sem significado. É assim, por exemplo, que construímos por indução a ideia de que "Todos os corvos são pretos" - crença não básica -, porque os casos particulares de corvos observados - crença básica - parecem revelar isso mesmo. Mesmo a ideia de Deus, sem qualquer referente na experiência, obedece a este princípio: trata-se de uma ideia complexa - composta - construída a partir de ideias simples que resultam da reflexão sobre a nossa experiência interior.
A associação de ideias
Isoladas, as ideias não constituem conhecimento, são mera representação mental das impressões. Interligadas, permitem-nos construir crenças verdadeiras justificadas - David Hume prefere o termo crença ao termo conhecimento. Os princípios que regem a associação de ideias são três: semelhança, contiguidade espacio-temporal e causalidade. Por exemplo, quando afirmo que a neve é fria é porque as impressões provocadas respetivamente pela neve e pelo frio se encontram associadas. Repara que o "respetivamente" é importante, na medida em que podemos experimentar a sensação de frio na presença de outros objetos. Tal como no nosso exemplo dos corvos, em que as ideias de ave e de preto surgem associadas. Ou seja, as crenças não têm fundamento e natureza racional como defendia Descartes, são fruto de processos associativos consolidados e fortalecidos pela experiência e pelo hábito. Daí que possamos afirmar que a experiência também é critério de verdade, uma vez que é ela que nos permite distinguir ficção de realidade: posso associar as ideias de homem e cavalo e imaginar que existem centauros, mas não posso acreditar na sua existência, uma vez que o elo entre estas duas ideias não é consolidado/justificado pela experiência.
Tipos de conhecimento
Ainda assim, David Hume distingue dois tipos de conhecimento: os que exprimem simples associações de ideias e os que referem questões de facto e de existência. Os primeiros resultam da sua necessidade lógica, ou seja, são alcançáveis pelo raciocínio, não carecem de verificação empírica - não precisamos de verificálos fisicamente -. Tal como acontece, por exemplo, quando afirmamos que um triângulo tem três lados ou que 5 é metade de 10, não pode deixar de ser assim, pensar de modo contrário significaria entrar em contradição. Os segundos, tal como o nome indica, têm de ser comprovados pela experiência, de facto, uma vez que não resultam de uma necessidade lógica nem são simplesmente demonstráveis. Tal como acontece, por exemplo, se afirmar que a neve é fria.
Tipos de conhecimento
Ainda assim, David Hume distingue dois tipos de conhecimento: os que exprimem simples associações de ideias e os que referem questões de facto e de existência. Os primeiros resultam da sua necessidade lógica, ou seja, são alcançáveis pelo raciocínio, não carecem de verificação empírica - não precisamos de verificálos fisicamente -. Tal como acontece, por exemplo, quando afirmamos que um triângulo tem três lados ou que 5 é metade de 10, não pode deixar de ser assim, pensar de modo contrário significaria entrar em contradição. Os segundos, tal como o nome indica, têm de ser comprovados pela experiência, de facto, uma vez que não resultam de uma necessidade lógica nem são simplesmente demonstráveis. Tal como acontece, por exemplo, se afirmar que a neve é fria.
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