segunda-feira, 4 de março de 2013

. David Hume: o problema da causalidade e a indução


O empirismo de David Hume ganha a sua máxima expressão no modo como concebe o princípio da causalidade, isto é, uma ideia central para explicar o que ocorre na natureza e segundo a qual todos os fenómenos são necessariamente precedidos por uma causa em relação à qual são o efeito. Para os racionalistas, esta seria uma ideia a priori, independente e anterior à experiência. Para David Hume trata-se de um princípio a posterior e a questão deve ser colocada de outro modo. Não temos qualquer garantia racional de que observadas determinadas causas obtemos necessariamente os mesmos efeitos. Se é assim, ou melhor, se estamos convictos de que é assim, é porque a experiência constante e repetida dos fenómenos, isto é, o hábito, nos mostra que é assim: é porque observo sempre o fenómeno x precedendo o fenómeno y que concluo que x é a causa de y. Tal como fica estabelecido no texto que se segue: Hume argumentou que as inferências causais a respeito das questões de facto não são justificadas; no entanto, é para nós natural basear as nossas crenças e expectativas na experiência. O Sol sempre nasceu no horizonte, os limões sempre amargaram... Portanto, esperamos que o mundo continue sempre desta maneira. Não temos qualquer prova a priori de que o Sol, os limões... continuarão a comportar-se regularmente nesses aspetos; mas, tanto quanto é possível, estamos seguros de que tal acontecerá. (Alan Bailey e Dan O'Brien)
O mesmo para o raciocínio indutivo: não há qualquer garantia racional de que os fenómenos se repetirão ad eternum, trata-se de um raciocínio sem validade lógica. Se estamos convencidos de que amanhã o dia se sucederá à noite, não é porque se trata de uma necessidade lógica, mas porque a nossa experiência nos mostra que foi necessariamente assim. Da mesma forma que inferirmos que todos os corvos são pretos pela simples e única razão de que todos os corvos observados até hoje exibem essa cor.

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