A teoria institucional é uma
tentativa recente de explicar como coisas tão diferentes como Macbeth de Shakespeare, a Quinta Sinfonia de Beethoven, as
fotografias de William Klein, as instalações de Joana Vasconcelos, etc., podem
ser consideradas obras de arte. A teoria afirma existirem duas características
comuns a todas elas. Em primeiro lugar, todas são artefactos, isto é, todas
foram parcialmente manipuladas por seres humanos - a mera transposição de um
pedaço de madeira ou de uma pedra, como acontece no caso de Alberto Carneiro,
do seu meio natural para uma galeria ou museu é considerado manipulação -. Em
segundo lugar, e isto é o mais importante, todas essas coisas foram baptizadas
de obra de arte. Ou seja, existe o chamado mundo da arte, uma elite constituído
por artistas, galeristas, críticos de arte, entre outros, que tem o poder de
atribuir o estatuto de obra de arte àquilo que muito bem entendem. Tal como
aconteceu no princípio do século XX com Marcel Duchamp, que está na base desta
teoria e que resolveu baptizar um urinol de A
Fonte para o exibir numa exposição de jovens artistas.
Críticas à teoria institucional
Em primeiro lugar, a teoria
institucional não distingue boa de má arte: se eu fosse um membro do mundo da
arte, nada me impediria de exibir o meu sapato numa galeria e torná-lo uma obra
de arte. Ou seja, o termo arte é usado num sentido meramente classificativo –
isto é arte – e não valorativo – isto é arte porque é belo ou porque causa
prazer -. Em segundo lugar, a teoria institucional é circular: a arte é o que
um certo grupo de privilegiados decidir chamar arte, ou seja, parece um jogo de
palavras – um jogo politicamente perigoso, uma vez que só alguns têm esse dom,
como Midas que tranformava em ouro aquilo em que tocava -. Por último, e esta é
a objecção mais forte à teoria institucional, ninguém sabe quais os critérios
usados pelo mundo da arte. Que razões levam os membros do mundo da arte a
baptizar uns objectos e não outros? Sem uma lógica por detrás do que fazem é
difícil perceber o interesse das obras de arte. Por outro lado, se há uma
lógica, isto é, se há razões para classificar alguns objectos de obra de arte,
então a teoria institucional seria desnecessária.
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