segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

. Verdade e Validade


Este ano começaremos por estudar Lógica, uma disciplina de que já ouviste falar no 10º ano quando identificaste as diferentes áreas da Filosofia. Como te recordarás, aprendeste que se trata de uma disciplina cuja finalidade consiste em determinar as condições do discurso válido. Daí teres falado de alguns elementos do discurso: termo, conceito, juízo, proposição... Agora é chegado o momento de aprender por que razão é isso importante, por que razão é importante raciocinar validamente. 
Num primeiro momento, uma vez estarmos a falar de uma disciplina que estuda as condições do discurso válido, distinguiremos verdade de validade. Ou seja, a relação que existe entre o discurso e as coisas e a relação que se estabelece entre os elementos do próprio discurso. 
Um discurso é verdadeiro quando corresponde a um estado de coisas, por exemplo quando defendo que existem muitos países que não respeitam os direitos humanos. O mesmo em relação aos elementos desse discurso, as proposições por exemplo. Uma proposição é verdadeira quando descreve uma situação real. A proposição " A Amnistia Internacional tem como grande objetivo acabar com a pena de morte no mundo", por exemplo, é uma proposição verdadeira, uma vez que essa é efetivamente a grande razão de ser da Amnistia Internacional. Caso contrário, quando a correspondência não se verifica, estamos perante um caso de falsidade. O que aconteceria, por exemplo, se eu afirmasse "A Amnistia Internacional não existe". Daí que à Lógica apenas interessem as frases declarativas, isto é, que podem ser convertidas numa proposição cuja verdade ou falsidade podem ser verificadas. Concordas? Ora aí está uma frase que não tem grande interesse para a Lógica, por tratar-se de uma pergunta, mesmo que seja verdade que eu perguntei se concordavas.
Um discurso é válido, por sua vez, quando as proposições que o constituem, sejam ou não verdadeiras, são compatíveies entre si e decorrem umas das outras. Dito de outro modo, quando umas permitem concluir pelas outras. Melhor ainda, quando estão organizadas logicamente, independentemente do seu conteúdo. Como no seguinte argumento: "Todos os defensores dos direitos humanos são contra o recurso à tortura. O professor de Filosofia é defensor dos direitos humanos. Logo, o professor de filosofia é contra o recurso à tortura". Um argumento, como verificarás, facilmente convertível na forma (A→B) & (B→C) → A→C, independentemente do que A, B e C possam significar, isto é, independentemente do seu conteúdo. 
Nas primeiras aulas recordaremos os elementos básicos que estudaste no ano passado - termos, conceitos, proposições -, assim como distinguiremos frase de proposição. Depois classificaremos os diferentes tipos de proposição - simples e complexas, particulares e universais, afirmativas e negativas -. Para ver, de seguida, que tipo de relações se estabelecem emtre elas, se umas justificam as outras - antecedentes - ou se se seguem das anteriores - consequente -, como acontece com as conclusões dos argumentos. Em relação aos argumentos propriamente ditos, tipos e regras que os governam, muito haverá por dizer, sobretudo para exercitar, até ao final do primeiro período. Conto contigo!

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