domingo, 9 de dezembro de 2012

. FI4: Argumento contra o homem (ad hominem)


É muito simples compreender por que se chama ad hominem a esta falácia. Tal como o nome indica, volta-se contra o homem e não contra os argumentos propriamente ditos. Por exemplo, quando tento desacreditar uma pessoa moralmente em vez de mostrar que os seus argumentos não são bons independentemente de quem os defende. É uma situação muito comum na política, em vez de se apresentar um argumento melhor do que o do opositor, de atacar as suas ideias, ataca-se a sua personalidade. Trata-se, portanto, para recuperares conceitos que já conheces, de um argumento mais centrado no ethos do que no logos:
X afirma P.
X tem uma característica reprovável
Logo, o que X diz não é verdade
Como no exemplo que se segue:
João afirma que viu Pedro a cometer um crime.
Mas toda a gente sabe que o João já esteve preso.
Logo, o que o João afirma não é verdade.
Ora, está bom de ver que o facto de o João ter estado preso nada tem a ver com o facto de mentir e de efetivamente ter assistido a um crime.

Quando o argumento ad hominem consiste em denunciar  especificamente a hipocrisia do opositor, diz-que se trata de um argumento tu quoque - tu também -, ou apelo à hipocrisia. Nestes casos, o ataque consiste em fazer lembrar que o opositor tem uma conduta que não corresponde às ideias que defende. Como no exemplo que se segue:
Defendes que devemos ser vegetarianos por razões ambientais. Mas continuas a andar de carro e a usar sacos de plástico.
É fácil perceber que não basta ser vegetariano para resolver os problemas do planeta. Mas isso não significa que ser vegetariano não traga vantagens para o planeta. Na verdade, para algumas pessoas, trata-se de uma grande ajuda.
Visto inversamente, trata-se de um argumento usado em muitas ocasiões para justificar os nossos próprios erros: se x faz um erro e se y também, porque não posso eu cometê-lo? Neste caso, justificamos os nossos erros com os erros dos outros.

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